26 janeiro 2014

Ninfomaníaca e a Geometria do Vício

Gostem ou não das opiniões pessoais de Lars von Trier, o fato é que este cineasta tem uma das filmografias mais intrigantes. O filme Ninfomaníaca, antes mesmo de estreiar nas telas brasileiras, já causava estardalhaço. Muitos trechos do filme foram censurados. E como ocorre, frequentemente, a censura se torna um marketing altamente eficiente. Contudo o filme faz valer o estardalhaço. O enredo de Joe, uma mulher que se considera ninfomaníaca, é meticulosamente trabalhado pelo diretor. Associações inusitadas são usadas para construir uma lógica narrativa que revela a vida da personagem. Nos deparamos com personagens icônicos, como o solitário estudioso que aspira certa plenitude, a mãe de família que padece do desinteresse do conjuge que almeja deixar a família por um rabo de saia (Uma Thuman, inclusive, está esplêndida no papel), e a ninfomaníaca, que não mais nem menos destruída que a mãe de família, se autocondena por seu vício.
E ele, Lars, está lá na figura do cidadão solitário. Das associações estabelecidas pelo narrativa, se ressalta durante várias cenas do filme, o número de Fibonacci, e os diversos aspectos a ele ligados. As folhas de freixo têm em si a espiral de Fibonacci. Este número está ligado à teoria dos jogos que, segundo filosofia, versa que em dada coletividade, se todos os indivíduos tomarem decisões baseadas em vantagens individuais, toda coletividade de indivíduos será prejudicada. Essa lógica é reiteradamente apresentada pela protagonista. Ela destrói vidas somente para obtenção de seu prazer.
No primeiro volume, Lars demonstra certa dialética no tratamento do tema. Subtemas surgem ao longo do filme, tais como solidão e auto-estima, amor e morte.
"O amor nos torna cego", diz o solitário
"Pior ainda, o amor distorce as coisas",  diz a protagonista num raro momento que encarna a reflexão do cineasta.
A Espiral de Fibonacci na Folha de Freixo

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