Saló ou Os 120 Dias de Sodoma - Pier Paolo Pasolini (1976)

Boçal, grotesco, repugnante, asqueiroso, nojento! Confesso que este filme - preste atenção - me fez vomitar. Não pude assistí-lo de uma só vez, tive de repousar um pouco da perturbação. Este, não é - preste atenção - propriamente um bom filme, mas um filme boçal, grotesco, repugnante, asqueiroso e nojento, pois assim deveria sê-lo. Se a intenção do filme era retratar o prazer erótico no qual os detentores do poder exercem sobre os submissos, o fez com maestria. Não sou grande admiradora da obra do Marquês de Sade, tampouco vanglorio a produção cinematográfica de Pier Paolo Pasolini, contudo se for quesito de qualificação de uma boa obra, um filme lhe atormentar a ponto de embrulhar-lhe o estômago, então trata-se aqui de uma obra prima! Se for instrumento de questionamento dos desumanos abusos de quem governa arbitrariamente acima do bem e do mal, então este é um filme magnificamente político! Se for ferramenta para a conscientização acerca da natureza humana perante suas circunstâncias, então melhor o espectador não se permitir sucumbir pelo próprio estômago!
O filme é dividido em capítulos, o primeiro que se segue já anuncia o que virá: o inferno! Logo após, as cenas são descritas como círculos, tais como, o circulo das manias, das fezes e da morte! Trata-se sim de uma obra de ficção, mas qualquer semelhança com ditaturas já tidas mundo afora, até com a mais atual Guantânamo, não se trata de mera coincidência!