Daria para escrever um tratado de psicologia acerca da personalidade da personagem principal do filme, Adèle. Porém um blog exige brevitude e concisão. Vou me cercar das palavras despejadas por J.A Gaiarsa (psiquiatra) em seu livro Reich 1980: "Jung foi o único psicólogo que conheci cujo pensamento é dialético (...) Mas seu pensamento ainda tem muito de idealismo. Seu conceito de Homem Natural, enquanto oposto ao Homem Cultural é tão profundo e tão utópico quanto o de Rossseau". Tal é a síntese do que representa a personagem Adèle neste mundo de personas, máscaras. Adèle, a menina gulosa, de uma fome que extravasa em sua sexualidade, que come com a boca aberta; a menina sem ambição, que se contenta em ser a professorinha de ensino infantil, que não sabe escovar os cabelos, que escarra pelo nariz quando chora. A paixão de Adèle não se prende a padrões sociais. Adèle não tem orgulho, apenas solidão. O amor de Adèle não é moral-social, apenas afetivo. Não exige fidelidade, apenas presença. Adèle se arrepende demais. Adèle não sabe culpar ninguém.
Ficha técnica: Azul é a Cor Mais Quente (La Vie d`Adèle)
2013
Abdellatif Kechiche
Junto do mar, que erguia gravemente A trágica voz rouca, enquanto o vento Passava como o vôo do pensamento Que busca e hesita, inquieto e intermitente,
Junto do mar sentei-me tristemente, Olhando o céu pesado e nevoento, E interroguei, cismando, esse lamento Que saía das coisas, vagamente...
Que inquieto desejo vos tortura, Seres elementares, força obscura? Em volta de que idéia gravitais?
Mas na imensa extensão, onde se esconde O Inconsciente imortal, só me responde Um bramido, um queixume, e nada mais...
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