28 maio 2012

A Fábula do Ouro

Há exatos dois dias,
Ao atravessar a rua,
Deparei-me com um armado vigia,
Que observava atentamente,
A movimentação de quem ia e vinha.
Olhou para o casal que discutia,
Para um grupo de adolescentes,
Que uma garrafa de teor alcoólico portaria,
Para o vendedor de quadros,
Para o camelô,
Para os garis.
Tudo ali que era parado ou se movia,
O vigia armado, atentamente via.
Escoltava um outro grupo de armados vigias.
Que saltavam de um carro forte,
Que nem bala de metralhadora trespassaria.
Carregavam enormes sacolas fortificadas,
Que só de ver, conteriam objetos de vultuosa valia.
Não tardou para surgir ali um faminto,
De olhos em sangue, de boca em brasa,
De suas mãos, um líquido amargo expelia.
Todo o povo cessou de mover-se,
Para notar o que ali acontecia.
E todo armamento que a frota carregava,
Ao faminto agora se dirigia.
Quando dos olhos em sangue do faminto,
Um feixe de raio luziria,
E a visão atenta dos armados vigias, se obscurecia.
Em roupantes assustados,
Atiraram os vigias a esmo para todos os lados.
Os tiros atingiram o vendedor de quadros
E camelô e o casal que discutia.
Quando da boca em brasa do faminto,
Um vômito gélido se derramaria,
E às pernas dos atentos vigias paralisaria.
E toda multidão que ali inerte estaria,
Agora que o faminto excretava por todos os lados,
Corriam em desordenado rumo,
Numa suplicante  gritaria.
Em flamejantes dores de congelamento físico,
Largaram ao chão as enormes e fortificadas sacolas de vultuosa valia,
Os atentos armados vigias.
E o ouro que ali dentro havia, como lava de vulcão agora escorria,
Quando, finalmente, ninguém mais na redondezas se via,
O faminto dirigiu-se a um boteco abandonado,
Lavou suas mãos, que um líquido amargo expelia,
E roubou uma coxinha.

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